quarta-feira, 13 de julho de 2016




MPF quer religiões afro-brasileiras no Centro ecumênico da Vila Olímpica
Para procuradores, representatividade de cultos afro não pode ser ignorada.
Centro religioso contempla cristãos, judeus, muçulmanos, hindus e budistas.
Do G1 Rio
08/07/2016 17h09 - Atualizado em 08/07/2016 19h20




A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF/RJ) recomendou ao Comitê Organizador da Rio 2016 que as religiões afro-brasileiras sejam contempladas no centro inter-religioso ecumênico da Vila Olímpica.
A representação, assinada pelos procuradores Ana Padilha de Oliveira e Renato Souza Machado, foi elaborada após a divulgação de que apenas cinco religiões - cristianismo, islamismo, judaísmo, hinduísmo e budismo - estarão representadas na Vila Olímpica.


Para o Ministério Público, o critério demográfico adotado pelo Comitê Organizador é razoável, mas ignora o peso de outras religiões na cidade e no país que sediará os Jogos. De acordo com o IBGE, as religiões afro-brasileiras possuem cerca de 148 mil adeptos no estado do Rio, ou cerca de 0;9% da população estadual, de mais de 16,6 milhões de pessoas.
Na recomendação, datada da última quarta-feira (6) e encaminhada ao presidente do Comitê Organizador, Carlos Arthur Nuzman, os procuradores pedem que o MPF seja informado em até cinco dias úteis acerca das providências adotadas.
Sem restrição, diz Rio 2016
Diretor executivo de comunicação e engajamento da Rio 2016, Mario Andrada e Silva explicou que não há restrição a qualquer credo religioso no centro ecumênico.
Segundo ele, sacerdotes de qualquer religião terão acesso ao local, caso seja a vontade de algum atleta.
Andrada esclarece que a menção às cinco religiões vem do fato de que foram estas as mais solicitadas nas últimas edições dos Jogos, levando o comitê Rio 2016 a inclui-las numa espécie de pré-seleção, sem no entanto excluir os demais cultos.
"Basta que um só atleta peça para realizar um culto de sua religião e o pedido será atendido. Infelizmente o MPF fez essa recomendação com base em informações falsas", afirmou o dirigente.






Comentário do Blog:

De tudo que foi publicado, esta informação sobre este fato talvez seja a mais importante, até por que, é a manifestação do Ministério Público Federal, que solicitou informações ao Comitê Organizador do Culto Ecumênico, sobre a não inclusão dos Cultos Afro no referido culto, visto que a repercussão foi imediata, pois trata-se de uma grande discriminação religiosa com as religiões de matrizes africanas(Candomblé, Umbanda) e até a Espírita.
Em resposta ao MPF  conforme supra se lê a resposta do Comitê Organizador:

"Basta que um só atleta peça para realizar um culto de sua religião e o pedido será atendido. Infelizmente o MPF fez essa recomendação com base em informações falsas", afirmou o dirigente.

Com a máxima vênia, ousamos discordar da organização do Comitê, quando diz que basta  um só atleta  peça para realizar um culto de sua religião e o pedido será  atendido.......

Dizendo ainda: ........ Que  infelizmente o MPF fez essa recomendação com base em informações falsas".




                      Caros internautas, com esta resposta, nós verificamos com toda certeza, que o Comitê saiu para a tangente, furtando-se em dar a verdadeira explicação, pois a sustentação na qual o mesmo se baseou para impedir a inclusão dos cultos de matriz  africana, não tem qualquer base legal, ou seja, de que teriam feito um levantamento junto aos atletas participantes das olimpíadas, sobre quais os seus credos, e não tendo se verificado que qualquer um deles tenha se declarado ser adepto do culto afro. Não sendo este um motivo para se negar a  inclusão dos cultos afro no culto ecumênico.

Por várias razões, é sabido que vivemos em um país Laico, ou seja, que não tem uma religião oficial, podendo qualquer cidadão cultuar aquela que se lhe aprouver, tendo respaldo no artigo 5º da Constituição Federal, e ademais, é a religião de matrizes africanas, a terceira maior cultuada no Brasil, isto sem levar em conta, que em virtude de discriminação encetada contra os cultos afro, principalmente por parte dos evangélicos, que não obstantes inúmeros processos na justiça insistem em alcunhar a religião afro de “culto aos demônios”, para com isso encherem as suas igrejas.

Todos nós sabemos que vivemos uma verdadeira guerra santa, ou seja, várias religiões querendo se sobrepor sobre outras, tidas como minorias, o que é vedado (proibido) por lei. A realidade é que durante os jogos ou, antes do início dos mesmos, jamais teremos um atleta fazendo o tal pedido aludido pelo Comitê, de inclusão de um sacerdote do culto afro. Sabem por que senhores? Por que, no que diz respeito à delegação brasileira, isto jamais acontecerá, posto que sabedor da discriminação imposta a sua religião aqui no Brasil, ele (atleta) jamais fará tal pedido, até por medo de sofrer represálias, dos seus dirigentes ou de outras autoridades participantes do evento, que porventura professem outros credos.

Pois no nosso dia a dia religioso, nos deparamos com adeptos da umbanda do candomblé ou do espiritismo, que quando indagados qual o seu credo, por medo de serem discriminados e serem prejudicados, em algum tipo de pleito que por acaso estejam fazendo, confessarem que são católicos. E no caso em tela, este medo perdura.

A saída será “erga ommes”, ou seja, sobre todos. Que seja tomada uma decisão por parte do MPF, neste sentido, posto que, temos que olhar para a olimpíada como num todo, ou seja, atletas, plateias presentes nos locais aonde irão se realizar as mais variadas modalidade de esportes, e a nação brasileira, que do Oiapoque ao Chuí, estará voltada para o desenrolar dos jogos, independente do credo dos seus cidadãos.

Pois cada capelão, pastor, sacerdote afro, entre outros, ao realizar seus “sacrum oficium” (sacro ofício), o estará realizando não somente para os atletas, mas para todo o Brasil.
Desta forma, esta é uma grande oportunidade que as autoridades através do MPF, que tem função de “custus legis (fiscal da lei), de requerer junto ao Judiciário o respeito à religião de cada brasileiro, pois é o MPF ou o MPE, o defensor da sociedade e somente a esta, deve obrigação, e em prol dela dever labutar, mormente quando o direito da sociedade se encontra garantido na nossa Carta Magna de 1988.

Finalmente, uma pergunta, que não quer calar, onde estão às instituições de defesa do culto afro, as federações, confederações, que ainda não entraram com um pedido liminar? Pois é cabível! Por estas e outras razões legais.
Comentários e sugestões do responsável por este Blog Dr. João Batista de Ayrá, advogado, jornalista, Babalorixá praticante, e pesquisador do culto afro.
Tel. (21) 99136-4780, E-Mail: drjbayra@hotmail.com