quarta-feira, 25 de maio de 2011

Papa diz em novo livro que Jesus não era ‘revolucionário’


De Roma para a BBC Brasil


O livro de Bento 16 será lançado em 24 idiomas
No segundo volume de seu livro sobre a vida de Jesus, lançado oficialmente nesta quinta-feira, o papa Bento 16 afirma que o Cristo não era um “revolucionário”.

Em Jesus de Nazaré, da Entrada em Jerusalém até a Ressurreição, o sumo pontífice diz que Jesus “não vem (ao mundo) como um destruidor. Ele não vem empunhando a espada de um revolucionário”. Em vez disso, Jesus vem “com o dom da cura”, para revelar “o poder do amor”.

Bento 16 afirma que, na época em que Jesus viveu, não havia separação entre política e religião, e que teria sido o próprio Jesus que estabeleceu a distância entre as duas coisas.

"Naquela época as dimensões política e a religiosa eram absolutamente inseparáveis", disse Bento 16. "Jesus, com sua mensagem e modo de agir, inaugurou um reino não político do Messias e começou a separar uma coisa da outra."

Extremismo

O livro, dividido em 9 capítulos, é a continuação do que Bento 16 escreveu em 2007, Jesus de Nazaré, e fala sobre a trajetória de Cristo desde a sua entrada em Jerusalém até sua morte e Ressurreição.

Este segundo volume da vida de Jesus Cristo, segundo o papa, será lançado em 24 línguas. No Brasil, ele será publicado pela editora Planeta.

No livro, Bento 16 faz referência aos extremismos religiosos, afirmando que "os terríveis resultados de uma violência motivada religiosamente estão, de modo drástico, diante dos olhos de todos nós. A violência é o instrumento preferido do anticristo, não é útil ao humanismo, mas à desumanidade”.

"Toda a atividade e a mensagem de Jesus, desde as tentações no deserto, ao batismo no Jordão, ao discurso da montanha, até a parábola do juízo final, se opõem decididamente a este imagem."

"A subversão violenta e o assassínio de outros em nome de Deus não correspondem a seu modo de ser", escreve Bento 16.

O papa afirma que a imagem de Jesus como revolucionário teve relevância na década de 1960, quando autores interpretaram a passagem da purificação do Templo como um ato de violência política.

O fato de Jesus ter sido preso e justiçado seria outra prova de que foi um revolucionário, na visão de autores naquela década.

"Esta tese provocou uma onda de teologias políticas e de teologias da revolução", escreve o papa, sem citar explicitamente movimentos como a Teologia da Libertação.

"Desde então, acalmou-se a onda das teologias da revolução que tentou legitimar a violência como meio para instaurar um mundo melhor."

Situação atual

Na introdução do livro, o papa esclarece que também teve a preocupação de enfocar a "figura realmente histórica” de Jesus, “de modo que possa ser útil a todos os leitores que queiram encontrar Jesus e acreditar nele".

Na parte final do livro, Bento 16 recorda uma das passagens o Evangelho e a utiliza para fazer uma comparação com a situação atual da Igreja Católica.

Ele cita a parte em que, depois de multiplicar os pães, Jesus manda os discípulos pegarem um barco e esperarem por ele no outro lado do rio. Um vento forte e o mar agitado ameaçam os discípulos e, assim, Jesus vai na direção deles caminhando sobre as águas.

"Hoje o barco da Igreja, com o vento contrário da História, navega através do oceano agitado do tempo. Muitas vezes temos a impressão que vai afundar. Mas o Senhor está presente e chega no momento oportuno."

Com informação da BBCBrasil