segunda-feira, 3 de maio de 2010

Casal cristão é forçado a vender hotel depois de ser absolvido de acusações de discriminação religiosa


Casal cristão é forçado a vender hotel depois de ser absolvido de acusações de discriminação religiosa
INGLATERRA — Um casal cristão da Inglaterra foi forçado a colocar seu hotel à venda, mesmo depois de ter sido absolvido de todas as acusações num caso de discriminação religiosa. Ben e Sharon Vogelenzang disseram que a atividade comercial em seu Hotel Bounty House, de nove dormitórios, se desmoronou e eles estão perdendo 8.000 libras por mês.

O casal está recebendo ajuda do Instituto Cristão e está considerando ação legal contra a polícia de Merseyside e a promotoria federal. As acusações foram feitas em abril de 2009 por uma cliente do hotel que se converteu ao islamismo. Ericka Tazi acusou o casal de insultar as convicções religiosas dela durante uma discussão sobre religião, dizendo que Maomé era um “déspota” e que as mulheres muçulmanas são oprimidas, depois que ela deixou seu quarto vestindo o tradicional Hajib muçulmano. A polícia de Merseyside lançou uma investigação e acusou o casal de crime contra a ordem pública, com agravante religioso.

Numa decisão que foi comemorada como vitória pela liberdade de expressão, o juiz regional Richard Clancy do tribunal de pequenas causas rejeitou as acusações, dizendo que não dava para se confiar no relato da Sra. Tazi. A polícia de Merseyside está sendo muito criticada por perturbar os dois hoteleiros, que são cidadãos que cumprem a lei.

“Antes das acusações, nós realmente não tínhamos sentido os efeitos da recessão, pois recebíamos clientes regulares, que eram pacientes que compareciam aos cursos de alívio de dores no Centro Walton, parte do Hospital Aintree”, Ben Vogelenzang disse para a imprensa local. Apesar de receber doações de cristãos do mundo inteiro, o casal disse que está com dívidas de 400.000 libras.

“Aproximadamente 80 a 90 por cento de nossos dormitórios estavam sempre ocupados, mas desde as acusações temos tido só dois a três clientes por semana. Até mesmo depois que fomos absolvidos, o negócio não voltou ao normal — tudo por causa de uma inocente conversa que ocorreu em nossa sala de refeição”.

O casal, que tem cinco filhos adotados, poderá agora ser forçado a colocar seu negócio à venda a fim de pagar aos credores. Se não conseguirem vender o hotel, eles poderão ir à falência.

“O hotel estava indo muito bem, e tínhamos um trato em vigor com um hospital local para dar acomodação para pacientes num programa de tratamento de um mês”, disse Ben Vogelenzang. “Mas logo que essa calúnia infundada foi inventada o hospital parou de usar o hotel e muitas de nossas outras atividades comerciais sofreram muito por causa dos efeitos secundários”.

Apesar de ter sido absolvido de todas as acusações, o casal diz que pelo fato de que o caso levou oito meses para ser julgado, seu negócio sofreu um grande declínio e o relacionamento com o programa do hospital foi perdido. “Temos tentado todo esforço possível para salvá-lo, mas o banco não nos dará mais nenhum tempo ou dinheiro. Devido inteiramente ao caso judicial, hoje estamos sem condições de pagar nossas contas e estamos sendo forçados a ir ao leiloeiro para vender o hotel”.

“Estou muito amargurado com o modo como a polícia de Merseyside lidou com o caso”, disse ele. “Uma policial em particular disparou nas alegações e ela era como um cachorro com um osso. Não havia nenhuma evidência real contra nós, mas ela não queria largar o caso”

Na audiência, as acusações foram descartadas imediatamente. O juiz Richard Clancy disse naquela ocasião: “Vocês levantaram a questão da liberdade de expressão. A União Européia dá a todos nós o direito à liberdade religiosa, e pessoas não têm medido esforços para preservar essa integridade”.

Um porta-voz da promotoria federal respondeu ao veredicto dizendo: “Ainda assim, levaríamos adiante um caso semelhante no futuro, pois cremos que é do interesse público”.

A polícia de Merseyside também se recusou a admitir que errou. Um porta-voz disse: “Respeitamos a decisão do tribunal hoje. Crime de ódio não é só racismo — pessoas podem ser tornar alvo de ataques por causa de sua deficiência física, raça, religião ou convicção, orientação sexual e identidade de gênero.

“Todos os incidentes de crime de ódio são investigados totalmente pela polícia de Merseyside e continuaremos a trabalhar com nossos parceiros, principalmente com a promotoria federal, para levar adiante tais incidentes nos tribunais”.

Mas Ben Vogelenzang disse que ele e sua esposa estão “devastados” com a perda de sua subsistência, mesmo depois de serem completamente absolvidos. “Muitas pessoas achavam que quando ganhássemos no tribunal, tudo estaria resolvido. Na realidade, o caso nos levou à beira da destruição, de modo que não foi de forma alguma uma vitória”, ele disse para o jornal Daily Mail.

Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com