segunda-feira, 10 de maio de 2010

Ateu sofre preconceito igual ao gay dos anos 50


segunda-feira, 10 de maio de 2010
Ateu sofre preconceito igual ao gay dos anos 50

Os tempos mudaram, mas nem tanto, pelo menos para os ateus, porque eles são vítimas de um preconceito comparável ao que existia nos anos 50 em relação aos homossexuais. Essa avaliação é do filósofo americano Daniel Dennett (foto), 67, que estará no Brasil em novembro para participar de um seminário.

“Ainda há enormes áreas do país [Estados Unidos] onde, se você disser que não acredita em Deus, vai perder seus amigos, seu negócio.”

Ainda assim – disse ele – hoje é “mais comum ouvir as pessoas dizerem abertamente que são sem-deus”. O que demonstra que, a exemplo dos gays, os descrentes começam a se impor e exigir respeito.

Em entrevista a Reinaldo José Lopes, da Folha, ele afirmou que, quando alguém se sente encorajado a se declarar “sem-deus”, a vida se torna mais fácil para o ateu e as pessoas com as quais convive. Essa seria a explicação de as pesquisas mais recentes mostrarem que o grupo de ateus é o que mais cresce na população.

Dennett é autor de “A Perigosa Ideia de Darwin” e “Quebrando o Encanto”, livros que fazem parte de seu arsenal de combate às ideias criacionistas, cujos adeptos têm se expandindo, sobretudo nos Estados Unidos, a ponto de “contaminar” cientistas.

O filósofo afirmou que os cientistas que tentam de alguma forma associar o conceito de Deus com a biologia evolutiva sofrem de confusão mental. Ou, na melhor das hipóteses, têm “desespero intelectual”.

Dennett é um ateu de convicções sólidas, mas sem jamais perder a cordialidade, tanto que curte sem nenhum constrangimento algumas tradições da cultura cristã.

Todo ano ele reúne um grupo de pessoas para cantar músicas natalinas. “É lindo. Aparecem umas 30 pessoas e algumas delas talvez sejam religiosas.”

De barbas longas e brancas, ele lembra a figura de Papai Noel e não se importa de se chamado como tal pelas crianças.

Ele só não aceita convite para participar de um culto ou uma missa de Natal, porque, nesse caso, já seria demais para a integridade de suas convicções.
fonte: a Folha