quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Homem que atirou em João Paulo II vai deixar a prisão



Homem que atirou em João Paulo II vai deixar a prisão
Agência Estado

O homem que atirou e feriu o papa João Paulo II disse hoje que vai responder às perguntas sobre o ataque de 1981 depois de sair da prisão. Na segunda-feira, ele termina de cumprir uma outra pena de dez anos pelo assassinato, em 1979, de Abdi Ipekci, um jornalista turco.

Sabe-se muito pouco sobre o que levou o turco Mehmet Ali Agca a atirar contra o papa quando o pontífice passava pela Praça de São Pedro, além das declarações feitas por ele de que poderes estrangeiros conspiraram para matar o papa. "Eu vou responder a todas essas perguntas nas próximas semanas", disse, em carta. O pontífice se encontrou e perdoou Agca em 1983, quando o atirador cumpria uma pena de 19 anos numa prisão italiana.

Historiadores, integrantes de forças de segurança e seguidores de João Paulo II buscam respostas sobre o ataque, dentre elas se a ação foi um plano para assassinar o papa, cujo apoio ao movimento de trabalhadores Solidariedade foi importante para a queda do comunismo no bloco soviético.

Quando Agca foi detido, minutos após o atentado, ele declarou que agira sozinho. Depois, deu a entender que a Bulgária e a KGB soviética estavam por trás da ação. No entanto, recuou da afirmação. Suas declarações contraditórias, dentre elas a de que era o messias, frustraram promotores e levantaram questões sobre sua saúde mental.

O magistrado italiano Rosario Priore disse estar convencido de que havia um complô contra o papa e que Agca não agiu sozinho, mas ele não conseguiu convencer um júri de Roma em 1986 de que a Bulgária e a KGB soviética estavam envolvidas. O júri italiano absolveu seis acusados - três búlgaros e três turcos - da "conexão búlgara". Um julgamento de apelação realizado em 1987 chegou à mesma conclusão.

O próprio João Paulo II falou sobre a questão durante uma visita à Bulgária em 2002, afirmando que nunca acreditou na conexão búlgara. Porém, em seu livro "Memória e Identidade: Conversações entre Milênios", o papa disse, sobre seu agressor, que "alguém planejou isso, alguém mais trabalhou por isso". João Paulo II morreu em 2005.